16/06/2009

Pai

Poxa, que merda! Ele realmente não me conhece, não faz idéia de quem eu seja. Não sabe o que eu ouço, o que eu leio, o que eu como, quem são meus amigos, do que eu gosto, o que eu faço, por onde ando...


Ele não entende minhas palavras, tampouco meus olhares.

As vezes tenho a sensação de que ele continua achando que estamos em 1993, que eu ainda tenho 8 anos e ainda assisto Glub Glub.
Ele nunca me fez algo considerado grave. Nunca me julgou, me ofendeu, mal tratou, abandonou... Ele simplesmente não fez. Isso é o que me machuca.


Machuca porque sei que sou uma boa filha, que não fiz nada pra que ele fosse assim comigo. Sempre estudei, respeitei, trabalhei, ajudei, nunca dei decepção, não fumo, não bebo... Sou a filha que muitos pais pediram a Deus.


Esses dias passei por um puta apuro e PRECISEI dele. Pedi socorro, mas não pude contar com a sua ajuda. Foi horrível porque me lembrei que, ha não muito tempo, ele passou por uma situação exatamente igual e lá estava eu, sua fiel escudeira, livrando-o do perigo. Digo que sou sua fiel escudeira porque realmente sou, eu o defendo de todos e de tudo que ele precisar ser defendido.

Quando eu fiz por ele o mesmo que eu gostaria que ele tivesse feito por mim, não fiz com a intensão de "jogar na cara" mais tarde ou de usar o feito como instrumento de barganha. Tanto não fiz com essa intenção que mesmo agora, tendo precisado dele e não obtendo sua ajuda, nem toquei nesse assunto com ele, mas me lembrei disso. E só de lembrar eu já fico numa sensação estranha, coisa minha comigo mesma, de que eu tô sendo ruim com ele, de que eu tô julgando mal e precipitadamente, de que ele não é obrigado mesmo a me ajudar e bla bla bla.

Por outro lado penso que ele é meu pai e se eu não puder contar com a ajuda dele, com quem é que eu vou poder contar? E na verdade meu julgamento não é tão precipitado nem nada, eu o conheço ha 24 anos, convivo com ele ha todo esse tempo. Tenho argumentos factuais suficientes pra embasar todos esses meus julgamentos...